O Regresso às Aulas
O regresso às aulas promove um quê de renovação, um quê de regeneração, quer se entre pela primeira vez na escola, quer se mude de ciclo, quer se mude de ano, quer se mude de escola… É o início de algo novo e se é novo parece que há algo que nós ainda não conhecemos e que nos oferece o desafio de o conhecer, a ansiedade de o viver, e/ou o medo de o enfrentar. E isso pode muito bem impactar os miúdos e o seu comportamento.
Garantidamente que o início das aulas impacta muitas crianças e jovens. Muitas vezes pelo medo que sentem. Medo do novo, do diferente, do maior, do mais exigente, do ser “mais a sério”… o “mais a sério peeeesaaaaaa”… porque até parece que até agora não foi a sério…! A sério?
Ansiedade no Regresso às Aulas
Nestes últimos tempos tenho recebido meninos que sentem ansiedade pelo início do ano letivo. Mas, curiosamente os medos que sentem (porque a ansiedade é uma projeção do nosso medo para o futuro) aparentemente não são “montados” por eles, muitos deles, porque não são construídos de raiz por eles. Aparentemente são medos absorvidos dos medos dos adultos que gravitam à sua volta.
É que o regresso às aulas não muda as coisas só para os miúdos, muda as coisas também para os pais. Anda ali entre uma renovação de esperança e de entusiasmo pelo início ou reinício de algo pelos filhos, e, o medo de que eles falhem redondamente, parcialmente, ou só um bocadinho.
- “Agora é que vai ser a sério”
- “Não sei se vai conseguir manter as notas este ano”
- “Não sei se vai conseguir manter as notas com o desporto ao mesmo tempo”
- “Vai para uma escola nova, com professores novos, diretor novos e disciplinas novas…”
- “Se calhar vamos ter que reduzir o tempo de lazer para que estude mais”
- “Vou ter que passar a estudar com ele aos fins de semana porque sem mim acho que não se safa…”
- “E se fizer birra para entrar na escola?”
- …
Medos dos Pais ou dos Filhos?
Estes são alguns medos dos pais projetados no futuro e nos filhos, ou seja, é a ansiedade dos pais a falar mais alto e a ser passada aos miúdos diariamente e a começar quando o ano letivo anterior ainda nem terminou. Muitas vezes construções que eles (os filhos) nunca imaginaram… São problemas e medos dos pais a serem semeados nos filhos.
Ainda há bem pouco tempo, a falar com uma mãe, ela me dizia que temia que o filho tivesse manuais escolares totalmente digitais, que por um lado, o filho possivelmente teria mais interesse pelos manuais por serem digitais, mas que por outro não gostava que o filho estivesse a assumir o papel de “rato de laboratório” da escola. Por fim, temia que o filho estivesse demasiadas horas à frente do ecrã. E que tinha partilhado todas estas questões com o filho.
E agora vamos por partes:
- De quem são especificamente estes medos, dos pais, ou dos filhos?
- Quem é que deve encontrar uma solução para esta questão, os pais, ou o filhos?
- Para quê, partilhar este medo e ansiedade com eles que não têm recursos para resolver estas questões?
É um exemplo, não passa disso, mas é real, está a acontecer. Então, é importante que os pais tomem consciência de que há medos que são deles. E, há também medos que são nossos que são semeados neles; sem que eles tenham recursos, maturidade e responsabilidade para os resolver. O problema torna-se maior do que eles. E depois transborda…!
Dos medos que tens para este início do ano letivo, quantos são teus e quantos são verdadeiramente deles?
Encontra mais vezes a felicidade em ti e na tua família! ♥
#beyounique