Queres Perceber a Adolescência?
Muito se fala e se diz em relação à adolescência…!
Já ouvi coisas do tipo: “Está na idade da estupidez”; “É a fase da parvalheira”; “Está na adolescência, sabes como é…” ou simplesmente “Está na adolescência!”
É uma forma de dizer que se espera pouco do seu comportamento, da sua cordialidade, da sua consciência, da sua responsabilidade… e podia continuar… ou será uma forma de dizer que se deve dar uma margem à criança a caminho da idade adulta porque está na adolescência e é normal ser assim? Normal é diferente de Mau, sim?
Porque quando é considerado ser mau (passar por uma fase da vida normal) então passamos-lhes muitas vezes (as etiquetas de) que são* “parvinhos”; “malcriados”, “inconvenientes”, “impulsivos”, “que não querem estar com ninguém” porque são anti sociais… e que “só” estão bem com os seus amigos…
A Boa Notícia em Relação à Adolescência
E a boa notícia é que nem tudo é falso! 😀
Quando pensamos em ter um filho geralmente consideramos somente um dos lados da moeda e esquecemo-nos do outro. Geralmente “ninguém” nos fala das noites mal dormidas, ou não dormidas, das centenas de mudas de fraldas, nos leitinhos que é necessário dar, das roupas que é necessário comprar, lavar, tratar, arrumar… (como eles crescem rápido, não é!? ;)), das papas de fruta, das migalhas no chão, das paredes pintadas, picadas, batidas… da educação que é necessário alinhar com o marido, avós e afins, dos sustos e joelhos arranhados e da ADO-LES-CÊN-CIA… sim… da adolescência, daquele PERÍODO em que as crianças se fazem adultos.
Quanto às noites mal dormidas, as fraldas, os leitinhos e as papas de fruta foram uma fase, certo? Mas, a adolescência é dose… já são crescidos e é uma chatice ter que os “aturar”… é que mudar fraldas não foi… e não dormir de noite também não foi… e passar dias e dias colados ao termómetro também não… porque a adolescência é que é o derradeiro período…!
E esse período faz parte, porque as hormonas fazem parte, da mesma forma que na menopausa (a falta delas) também faz parte… e não se diz às senhoras que deviam sentir culpa por sentirem calores e alterações de humor na menopausa… nem às grávidas… Assume-se que é uma fase. Então, por que é que na adolescência nos custa tanto assumi-lo da mesma forma?
Consegues ir à tua Adolescência?
Consegues ir agora à tua adolescência? Lá onde muito provavelmente tinhas as emoções à flor da pele, a tua prioridade eras tu e os teus amigos, procuravas incessantemente por novidades e por soluções criativas – basicamente procuravas criar novas perspetivas para praticamente tudo o que te acontecia… e era bom, ou não era? É uma fase da vida MA-RA-VI-LHO-SA! Quem nunca foi adolescente? Onde tudo era possível?
Uma fase onde se vivia intensamente, os nossos amigos eram excecionais, a novidade era o máximo e queríamos explorar TUDO e mais alguma coisa. E era isso mesmo que dava mais sabor à vida e que ao longo do tempo fomos perdendo…
Pois é… e se eu te dissesse que o que tu não tens que o teu filho adolescente tem, era “tudo” o que poderias querer ter mais, para seres mais completo/a, e viver mais em contacto com a felicidade…?
A Essência de uma Vida Boa
Acabei de me referir à essência para se ter uma vida boa tanto durante a adolescência, como durante a idade adulta: faísca emocional; envolvimento social; novidade e exploração (Siegel, 2013).
Chegados à idade adulta face às responsabilidades, dissabores que se vão cruzando connosco e desafios, vamos procurando aquilo que é mais seguro. Torna-se à primeira vista mais fácil entrar em “modo automático” e também em “modo sobrevivência”. Agora, o que te pode trazer essa perda de vitalidade da vida? Já pensaste? O Dr. Daniel Siegel, é um psiquiatra que nos diz que a vida, neste enquadramento, se pode tornar mais dura e pode debilitar inclusivamente a robustez do nosso cérebro à medida que envelhecemos.
É muito comum os pais queixarem-se dos filhos adolescentes estarem “sempre” na internet a pesquisar coisas, ou de querem conhecer pessoas novas a toda a hora, de quererem o jogo que está na berra, ou de procurarem estar impecáveis e na moda quase sempre, e poderia continuar… Isto acontece porque eles procuram a novidade e novas experiências, estimulando os seus sentidos, emoções, pensamentos e o seu corpo de novas e desafiantes formas. Quem não se lembra de ser adolescente e de procurar pela novidade? E quem não se lembra das sensações que isso causava? Era bom… diz lá que não era?
Imprevisíveis e depois?
Os jovens adolescentes são de facto e muitas vezes, imprevisíveis porque nessa fase da sua vida procuram novas formas de pensar e de agir, porque é nessa fase da sua vida que a exploração criativa está mais ativa e pode ser mais potenciada. Perante isto, a previsibilidade e a monotonia de um adulto pode-lhes parecer exageradamente controlada e restritiva.
“Na adolescência achava que era cedo demais para escolher; agora, na juventude, se convencera que era tarde demais para mudar” Paulo Coelho
Talvez por isto assistamos a fossos geracionais fazendo com que frequentemente pais e filhos, durante a adolescência (dos filhos), se afastem… Mas, agora, conseguimos ver que talvez fosse positivo aproximar as gerações, ter mais empatia e procurar enquanto adulto beber da vitalidade dos jovens. E observar neles o que podemos retirar de bom, mesmo nas suas reações mais intensas. Perante uma reação intensa de um adolescente podemos recordar a importância de olharmos mais para dentro, na resolução dos nossos problemas e não tanto para fora, podemos (re)aprender com eles, e podemos ensiná-los de acordo com aquilo que mais os estimula, potenciando a sua aprendizagem.
Força! É desafiante e vale tanto a pena refletir sobre isto e agir de acordo com isto 😉
Encontra mais vezes a felicidade em ti e na tua família! ♥
#beyounique
* não são parvinhos, no máximo podem momentaneamente fazer qualquer coisa sem sentido (para ti) daí a fazer deles parvinhos, malcriados, inconvenientes, ou outra que tal, vai uma distância, não achas?