Paula Pinto Almeida / Filhos  / O que o meu filho pode estar a perder?
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O que o meu filho pode estar a perder?

O que é que o meu filho pode estar perder, ou pode vir a perder? Será que se pode perder?

Preocupamo-nos, enquanto pais com aquilo que os nossos filhos podem estar a perder, ou mesmo vir a perder… preocupamo-nos e temos medo que eles possam perder o ano, perder amigos, ficar para trás, passarem-lhes à frente, tememos o seu tempo perdido… E também nos preocupamos com certos comportamentos através dos quais eles possam perder alegria, momentos, partilhas, perder a essência, ou perder a educação que tanto estimamos em passar-lhes. Mas, será que quando “perdem”, “perdem” mesmo?

Alguma vez parámos para pensar no que ganham quando perdem?

Só para ilustrar, a minha filha foi condicional na escola (nasceu dias depois de dia 15 de Setembro e por isso não era obrigada a frequentar o 1º ano, no ano em que completou 6 anos) e não teve vaga na escola que frequentava. Visto que só teve vaga noutra escola, nós decidimos que se iria manter onde estava.
Ora, como resultado, a maioria das pessoas ficou “chocada” com a nossa decisão e com o que a menina ia perder. Eu própria inicialmente me senti um pouco dividida, confesso. E decidimos que ficaria mais um ano na pré.

Onde colocamos mais o nosso foco, no que podem vir a ganhar, ou no que podem vir a perder?

Colocámos o nosso foco no que iria ganhar em ficar mais um ano na pré, em toda a maturidade emocional que iria ganhar, nas “vantagens” de deixar de ser a mais nova da turma, para passar a ser a mais velha da turma, na maior abertura que iria ter para aprender no primeiro ano, o ficar numa boa escola e poderia continuar… Foi aí que pusemos desde o primeiro minuto o nosso foco.

  • E no início do ano letivo sentiu frustração ao ver os amiguinhos no primeiro ano e ela não? Sim.
  • E os amigos foram à salinha dela (e dos que ficaram com ela) dizer que os que “ficaram” eram bebés porque não foram para o primeiro ano? Sim.
  • E pedia-me para a ensinar a ler e a fazer contas? Sim.
  • E ainda hoje quando os desconhecidos lhe perguntam a idade a “colocam” no ano acima? Sim…
    e poderia continuar…

E acredito que ganhou não só maturidade, como também solidificou melhor os seus conhecimentos, ganhou segurança, aprendeu a lidar com a frustração, percebeu que nem sempre as coisas correm como o esperado e podemos viver bem e felizes na mesma, e que nem todas as pessoas têm o mesmo trajeto e que está tudo bem com isso. Aprendeu a ter mais empatia pelo outro, a ajudar e a “orientar” como sabe os mais novos da sua turma sempre que necessário… e poderia continuar…

Queremos mais que ganhem ou que percam?

Não sei se queremos que percam menos ou ganhem mais, isso é algo sobre o qual cada pai e cada mãe pode refletir.

Eu prefiro focar-me naquilo que vão ganhar, portanto, mesmo quando perdem, seja por meio das consequências naturais, seja por consequências lógicas, seja por consequências impostas pela vida, pela sociedade, pela escola, ou pelo ambiente.

Afinal não é assim na vida? Que possam contactar com essas vicissitudes connosco ao seu lado; lidar com situações talvez menos agradáveis connosco a acompanhá-las e a vê-las crescer e a evoluir. Entretanto, que lidem, sempre que seja possível, com o resultado das suas decisões, das suas escolhas.

Eu cá prefiro que ganhe. E mesmo que perca, que consiga sempre ver o que ganhou com a perda – o que aprendeu. Isto ajudará na certa a que “não se perca”.

Agora, há uma coisa que é fundamental, é que somos nós, pais, que precisamos de os ajudar a ver. São as alternativas, os caminhos possíveis, as consequências possíveis. Aliás, somos nós pais, que, neutros – sem julgamento e sem ralhar; lhes podemos facilitar entrar em contacto com as consequências das suas decisões*. E ainda, facilitar-lhes ver a(s) outra(s) face(s), para que, dessa forma, possam entender que tudo tem (pelo menos) dois lados para que, em contrapartida, se possam guiar por si, “sem se perderem”, mesmo quando “não estivermos”.

*Notas: Podemos e devemos fazê-lo se depender deles a escolha, dependendo da maturidade da criança, e sempre e quando não coloque em perigo a sua integridade.

 

Encontra mais vezes a felicidade em ti e na tua família!

#beyounique

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