
No intervalo ouvem-se coisas piores
“…no intervalo ouvem-se coisas piores.”
Há dias soube de um caso de um professor que em contexto de sala de aula e procurando alertar os alunos para as “más práticas linguísticas” de um Instagram relacionado com a escola, parafraseou um comentário que continha palavrões.
Ora aquilo foi como um rastilho que se criou até à explosão se dar à saída da aula pelos alunos, no grupo de whatsapp dos pais e depois no email da Diretora de Turma…
Podia ler-se no grupo dos pais, o seguinte comentário de uma mãe:
“…no intervalo ouvem-se coisas piores.”
Refletir sobre: “…no intervalo ouvem-se coisas piores.”
E consequentemente, este comentário fez-me refletir em várias coisas. Em primeiro lugar que ainda bem que faço o que faço. E, em segundo lugar, lembrei-me de refletir aqui sobre o seguinte:
- Não é a mesma coisa que um pai diga um palavrão, que um professor.
- É diferente que um professor diga um palavrão, que um colega de turma.
- Não é igual que um colega de turma diga um palavrão, que um amigo.
- E, não é a mesma que um palavrão seja dito de uma forma espontânea, que de uma forma enquadrada e contextualizada.
Certamente que não quero com isto dizer que o professor fez bem ou fez mal. A questão é que colocar tudo no mesmo saco confunde, retira responsabilidade a quem a tem, e mistura papeis. Principalmente quando o comentário vem do pai ou da mãe, ou seja da suposta figura de liderança e ou de autoridade de uma família.
E assim se começa a distorcer – ou seja, se começa a escolher simplificar o que aconteceu; se começa a generalizar – fazendo afirmações gerais sobre o que acreditamos; e se começa a omitir, apresentando apenas algumas das informações disponíveis de toda uma situação.
Qual é a grande consequência disto?
Depois, eles aprendem igualmente a fazer o mesmo!
- Se o professor poderia fazer de maneira diferente? Sim.
- Se os pais poderiam agir de outra forma? Sim.
- Se os miúdos poderiam adotar outra postura? Sim.
Todos podemos fazer de maneira diferente, a questão é se, querendo, sabem fazer de maneira diferente…
Acredito que a esmagadora maioria, pode, consegue, mas talvez ainda não saiba…