
Como (as crianças) recebem o que dizemos?
Há umas semanas, no último artigo, escrevi sobre por que é que muitas vezes fazemos coisas mesmo contra a nossa “vontade”; como se divide a nossa mente, o que nos é consciente e o que, à partida, não nos é consciente. Neste artigo escreverei sobre o impacto que os nossos comportamentos podem ter no subconsciente das crianças, sabendo que o subconsciente influencia 95% das suas/nossas ações.
Considerando as três partes da nossa mente e a importância e função que cada uma delas tem para a nossa vida, é importante agora referir que entre a mente consciente e a mente subconsciente reside o fator crítico. Este é como se fosse o guardião da mente subconsciente. Ele comanda o que entra e o que não entra no subconsciente.
Como é que trabalha?
Imagina que alguém te insulta porque acredita que conduziste mal o teu carro.
A mente consciente diz-te qualquer coisa como: – Ele está nervoso; Considerando que eu não sou um animal irracional, logo eu não sou aquilo que ele acabou de dizer…
O que aconteceu foi que o fator crítico não deixou o insulto entrar na mente subconsciente.
Isto é excelente para nós, os adultos, e não o é de igual modo para as crianças. Isto porque as crianças até aos 12 anos NÃO TÊM o fator crítico formado. Aquilo que lhes dissermos tem mais probabilidade de ficar gravado e aquilo que lhes dissermos mais vezes, mais possibilidade tem de ficar gravado como uma espécie programação “negativa” ou “positiva” dependendo do que lhes dissermos.
Imaginemos a mente da criança como um tablet que foi acabado de construir em termos de hardware, na fábrica. Precisa que lhe instalem programas ou aplicações. É assim que funciona, é assim que esta situação funciona. Vamos gravando aplicações e vamos programando.
Imagina quando a professora diz, por exemplo: “Eu já te ensinei que 2+2 são 4. A turma toda já aprendeu, não é possível que só tu não saibas isso, já toda a turma aprendeu.” A criança pensa (se não lhe for dito diretamente) que tem algum problema de aprendizagem, que é “burra”. Ela não pressupõe que a professora está cansada, ou no final de carreira… As crianças pequenas não têm a capacidade para interpretar corretamente e de forma racional os factos, por isso é que a maioria dos problemas dos adultos advém da infância. Pois, pelo facto de não entenderem o que está a acontecer ou por que está a acontecer determinada coisa, a criança pode criar ela mesma, uma razão e auto programar-se.
A Programar Crianças
Nós pais, professores, educadores, e familiares mais diretos somos quem mais programa “os dispositivos eletrónicos”, precisamos de instalar programas para depois eles rodarem, e, só rodam os programas instalados, os que não foram instalados, não rodam. A importância que todos estes seres que gravitam na vida da criança têm na sua vida é ENORME! Ela vai-se ver pelos seus olhares e em cada palavra que proferirem, e cada palavra que proferirem pode muito bem vir a ser uma programação na mente daquela criança.
Deixo esta reflexão: O que é que tenho dito ao meu filho, aluno, neto, sobrinho, vizinho? Será que o tenho programado para que seja uma pessoa vencedora, corajosa e capaz, ou antes para se tornar mais fraco, ou depressivo. Vale a pena pensar nisto.
Da leitura deste artigo (em conjunto com o anterior) poderá resultar uma maior consciência e possível contenção das palavras usadas para comunicar com as crianças, e ainda o passar a entender melhor aquelas crianças e pessoas mais difíceis.
E, embora essa criança, ou pessoa possa querer ser uma pessoa diferente, às vezes ela não consegue porque a sua programação fala mais alto!
Grata!
Encontra mais vezes a felicidade em ti e na tua família! ♥
#beyounique