Paula Pinto Almeida / Filhos  / Burnout Parental
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Burnout Parental

Foi a propósito do meu doutoramento que me cruzei com os números do Burnout Parental, em Portugal e no Mundo. Em Portugal, o burnout parental afeta 1% a 2% da população que exerce a sua parentalidade, refere um estudo realizado em 42 países, entre os quais Portugal.

Até parece pouco, 1% a 2%, mas antes de um burnout dá-se lugar ao stress parental. O ambiente COVID veio, em certas famílias, agravar este enquadramento e por isso decidi trazer este tema, no artigo desta semana.

O que é o Burnout Parental?

“É uma condição de saúde mental caracterizada por um estado de exaustão e um sentimento de saturação relacionados com o papel parental, com perda de prazer em estar com os filhos e distanciamento emocional destes, contrastando estes sentimentos e estados com os que existiam antes.” – Refere a investigadora Maria Filomena Gaspar

Quem são os mais afetados?

Os pais dos países ocidentais, devido à sua cultura mais individualista e os pais com menos retaguarda familiar. Este estudo revela que nem as desigualdades económicas entre países, nem o número de filhos, a idade, ou mesmo o tempo passado com as crianças tem um papel tão relevante como o individualismo para um estado de burnout parental.

“Os estão mais sozinhos e exaustos!”

Como se sentem os Pais?

Os pais sentem-se num estado de intenso esgotamento relacionado com o papel parental. A pessoa sente-se emocionalmente desligada dos filhos, e já não é capaz de retirar prazer do papel de pai/mãe, questionando a sua habilidade de ser um bom pai/mãe, diz estudo.

 

Parental Burnout Around the Globe: a 42-Country Study

Como saber se estou sob stress ou se é Burnout?

Um artigo escrito por duas investigadoras ligadas à Universidade do Porto descrevem-no assim:

“Embora o stress parental seja comum e ocorra de forma regular, o burnout parental ocorre quando existe uma desadequação entre os fatores de stress e os recursos*, de modo persistente, ao longo do tempo. O burnout parental resulta, por isso, do stress crónico quando este se torna avassalador e leva a pessoa a sentir-se exausta e esgotada no exercício do seu papel parental. Com o passar do tempo, isto leva o adulto a desligar-se dos seus filhos e a começar a agir no chamado “piloto automático”, isto é, limita-se às rotinas básicas habituais, como levar/trazer a criança, preparar a criança para dormir, preparar refeições, etc.

Por outras palavras, o pai/mãe já não é capaz de investir na relação com o(s) seu(s) filho(s), já não retira prazer em estar com os seus filhos e a sua falta de realização na parentalidade é tal que, por vezes, já não consegue suportar o seu papel de pai ou de mãe. Passado algum tempo a manter a dinâmica parental desta forma, a pessoa não se reconhece como o pai/mãe que costumava ser e que gostaria de ser, sentindo vergonha e culpa.”

* (da própria pessoa para fazer face ao problema ou desafio)

O que mais pode favorecer o Burnout Parental?

Na linha do tópico anterior as duas investigadoras referem os preditores mais fortes. “Estes relacionam-se com:

  • As características psicológicas dos pais, tais como perfecionismo ou baixas competências na gestão das emoções e do stress;
  • Características dos filhos, como por exemplo, crianças com necessidades educativas especiais;
  • Práticas de educação dos filhos, tais como práticas educativas inconsistentes;
  • O nível de apoio extrafamiliar, como a falta de apoio da família alargada ou amigos;
  • A organização da vida familiar, ausência de rotinas, tempo disponível para atividades de lazer;
  • Qualidade da relação coparental, isto é o grau de apoio do outro pai/mãe no desempenho do papel conjunto enquanto pais.”

 

Uma última reflexão que gostaria de deixar é que em Portugal, muitos pais e mães trabalham a tempo inteiro e muitas horas. Com efeito, a vida é feita a correr. Trabalham durante a semana e vivem ao fim de semana. Vivem ao fim de semana, se não tiverem que lavar, passar e arrumar. O tempo das deslocações e o tempo das extracurriculares das crianças é brutal… São poucos os momentos DIÁRIOS que os pais vivem com os filhos, usufruem com os filhos. É preciso equilibrar o tempo do TEM QUE SER com o tempo que QUEREMOS QUE SEJA. É preciso beneficiar de tempo de satisfação, prazer e de bem-estar com os nossos filhos! Destinar tempo para gostar e ter prazer em estar com os nossos filhos!

Encontra mais vezes a felicidade na tua família! ♥

#beyounique

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