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Birra: Como Piorar uma?

Uma birra é uma explosão de raiva face ao incumprimento de algo que eu quero muito, mas não tenho… Dessa forma manifesto a minha frustração. Eu própria o vivi muitas vezes, principalmente com os gémeos. Pensavas que te ia dizer que o vivi enquanto adulta? Por acaso não ia dizer isso, mas podia, e se calhar ainda vou… Fica por aí…

As Birras

Como estava a dizer os meus gémeos fizeram e ainda fazem birras. E as birras são NORMAIS, ou seja fazem parte do seu desenvolvimento e do nível de desenvolvimento do seu cérebro. E é o saber disso que me “salva” até hoje.

Se não me passaria pela cabeça aborrecer-me com eles quando caíam enquanto estavam a aprender a andar, porque me passaria pela cabeça aborrecer-me quando fazem uma birra? Preocupo-me é de estar atenta aos meus neurónios espelho que procuram mimetizar os comportamentos que vêem à minha volta… para “não ir atrás” das birras deles. É que se não liderarmos a comunicação com eles e não nos mantivermos no nosso centro, os neurónios espelho farão o seu trabalho.

As birras começam entre os 12 e os 18 meses e suavizam por volta dos 4 anos. Começam a suavizar ao sabor do amadurecimento do cérebro e à medida que as crianças vão adquirindo mais habilidades e competências. Lembro-me que os meus gémeos “picaram o ponto” aos 12 meses e embora, menos assíduas, ainda as têm, e é à vez, para que eu ponha à prova as minhas próprias habilidades e competências.

Os bebés vêem-se, ou percebem-se como o prolongamento da sua mãe e quando começam a aperceber-se de que são seres independentes necessitam de desafiar os limites e as normas, para saberem até onde podem ir. Não se trata de nos desafiar a nós pais, mas sim às normas e aos limites que têm.

O que Piora uma BIRRA?

Às vezes fazemos ou negligenciamos aspetos, que pioram as birras. Sim, PI-O-RAM:

  1. Tomarmos a birra como algo pessoal: leva-nos a achar que os filhos nos querem “fazer a vida impossível” transformando a birra numa batalha entre pais e filhos… O que mudaria se soubesses que as birras que as crianças fazem não são contra nós? Possivelmente pensarias numa forma de os ajudar a ultrapassar aquele momento de sofrimento. Certo? Tens aí a tua resposta 😉
  2. O autocuidado (sim, o nosso enquanto pais): é muito importante para evitar piorar ou estimular as birras deles, sabias? Tu necessitas de cuidar de ti primeiro para poderes ter disponibilidade e tempo para eles. E não é egoísmo (se era nisso que estavas a pensar), é uma necessidade para que possas estar bem, para ter verdadeira disponibilidade para eles. É cultural e “bonito” dizer que os filhos estão em primeiro lugar, mas levado ao limite, isto não é saudável. Pensa nisto, quando vais no avião com crianças, a quem deves colocar a máscara primeiro em caso de necessidade? Pois é, é a ti. Para quê? Para que possas cuidar dos miúdos. É uma questão de RESPONSABILIDADE 😉
  3. O não estabelecer normas e limites claros: deixa as crianças inseguras, devemos por isso ser consistentes e claros no respeito pelas normas e limites definidos em casa para que as crianças saibam por que caminhos podem andar e se sintam seguras.
  4. Negar os sentimentos das crianças e dizer-lhes como se devem sentir: não muda o que sentem e pode trazer consigo muita frustração. Vamos conseguir que se sintam igual ou inclusivamente pior do que já se sentiam, porque não só possivelmente não lhes é confortável sentir-se como se sentem, como ficam a achar que te desiludem por se sentirem assim!?
  5. As nossas expectativas de pais: Muitas vezes não ajudam… porquê? Porque as temos. O cérebro humano torna-se adulto por volta dos vinte e poucos anos… por que razão colocamos expectativas de que os nossos filhos se comportem, raciocinem e façam a gestão das suas emoções como adultos? (nem tu fazes isso às vezes… verdade?). O seu cérebro ainda não está preparado (- o teu está ;)).
  6. Necessidades emocionais ou físicas: Algumas das birras estão relacionadas com necessidades – emocionais ou físicas – não satisfeitas. Quando tens sono, não descansaste, ou tens fome não sentes que derrapas um pouco mais, na tua estabilidade emocional?

Em relação a esta última tenho bastante presente uma viagem longa, muito looonga, que fiz com a minha mãe à Turquia, era eu já bem adulta. E a viagem nunca mais acabava… avião, autocarro, frio, noite dentro… e quando finalmente chegámos ao hotel, ainda tivemos que estar à espera, naquilo que me pareceram quilómetros de fila até ao check in… eu lembro-me de pedir desculpa à minha mãe, consciente de que estava à beira de um ataque de nervos… ou seja, de uma “birra” derivada ao cansaço, à fome, à necessidade de um banho e de silêncio… e também de expectativas defraudadas daquilo que eu entendia que deveria ter sido aquela viagem. Tive que me esforçar muito para reconduzir a mente percebendo o que estava a acontecer e de que derivava…

Quando a birra acontece

Não adianta ir buscar explicações muito longas, nem procurar razões “óbvias” para tentar acalmar uma birra… o mais importante é preveni-la, mas uma vez a acontecer, reconhecer a “dor” da criança, acompanhar, respeitar e manter a calma são algumas boas opções. Comigo resulta muito bem (o que não significa que resulte 100% das vezes) sentar-me ao lado deles – sem lhes tocar. Reconhecer a sua “dor” e dizer que estou ali para eles:

“- Percebo que queiras brincar mais um pouco, às vezes a mim também me apetece… Quando quiseres e puderes a mamã está aqui filho!” Costumam, pouco tempo depois, acalmar e vir ter comigo, chorar mais um pouco e depois lá vamos nós dormir.

 

Encontra mais vezes a felicidade na tua família! ♥

#beyounique

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