Paula Pinto Almeida / Bem-estar  / A (estimular a) Autonomia pelo Poder
O Poder da Criança

A (estimular a) Autonomia pelo Poder

Hoje vou-te falar dar autonomia aos miúdos por via do poder. Começo por te dizer que me lembro de dizer isto: “Prefiro não dormir do que não ver os meus filhos comerem…” (e às vezes ainda me assola… uma espécie de comodidade que me conforta em momentos mais “duros”).

Hoje eu penso: “Para quê é que eu dizia isso?” Como se eu tivesse que escolher… A verdade é que sempre comeram bem (excetuando quando estão doentes), já no que toca a dormir a realidade não tem a mesma leveza…

Analisando mais de perto, pergunto-me: O que é que eu fiz para que eles comessem bem? Ou, por ventura a questão possa antes ser, o que é que eu não fiz para que eles comessem bem?

Quando procuramos que os miúdos colaborem há dois aspetos a ter em conta: Dar-lhes “poder” e proporcionar-lhes sentimento de pertença. Hoje venho-te falar de lhes dar autonomia pelo poder e no próximo artigo falarei de lhes proporcionar autonomia por via de um maior sentimento de pertença.

Dar-lhes Autonomia pelo Poder para lhes Proporcionar Confiança

Isto pode, de início, parecer “estranho”, mas a verdade é que as crianças gostam de se sentir úteis, gostam de ajudar. Convidá-las para ajudar vai fornecer-lhes confiança. A ausência deste “ingrediente” traz-lhes insatisfação e frustração. Podem interpretar que não confiamos nelas, ou que não são capazes e migram, muitas vezes, para o mau comportamento, birras, desentendimentos…

Os meus filhos, principalmente os mais pequenos gostam de pôr a mesa, gostam de colocar os pratos deles na banca da cozinha depois de comerem, de “arrumar” as compras do supermercado, de ajudar a fazer a cama, entre outras tarefas, e eu deixo (muitas vezes com “o coração nas mãos”, mas deixo)… Infelizmente não gostam tanto de arrumar os brinquedos, mas lá vão arrumando, entre brincadeiras e alguma orientação. Voltando um pouco atrás, eles gostam de colaborar, e no que eles mostram interesse, na maioria das vezes eu incentivo, oriento e deixo que o façam. Sentem-se vistas, sentem que confio nelas, e sentem-se úteis.

colaboração da criança

Sermos Empáticos com os nossos Filhos

É por estes motivos que também os deixo escolher se preferem por exemplo, comer banana ou maçã para sobremesa, se querem iogurte ou leite para o lanche, cereais ou papa para pequeno almoço e se querem comer mais, ou não. Entretanto, respeito se não quiserem comer mais. Permito(-me) que eles se autoregulem na quantidade de comida a ingerir. Partilho contigo que eu não gostaria que me enchessem o prato de comida e me dissessem: – “Agora come tudo!”. Preferia servir-me, mas na sua impossibilidade gostaria, pelo menos, que me servissem menos comida e que eu pudesse dizer se queria comer um pouco mais, ou não – um pouco de Empatia em relação aos nossos filhos ajuda sempre… 😉 Eventualmente, é mais saudável, e mais calibrado com as necessidades da criança. E no final das contas é respeito por todos, é amor.

Empatia dos pais para os filhos

Por outro lado, os meus filhos mais pequenos (gémeos de 3 anos e meio) são autónomos quando vão ao WC. Surpreendentemente, desde o primeiro dia que se autorregulam, que vão quando querem, que vão sozinhos (somos observadores/ajudantes) e que andam com o pote (ou bacio) pela casa, despejam-no e lavam as mãos…

Similarmente, também começaram a comer sozinhos, com as mãos e depois com talheres, desde muito cedo… e adoram! (e também ainda metem as mãos no prato de vez em quando…)

Dá mais Trabalho e também é mais Eficaz

Certamente, admito que esta abordagem dê (muito) mais trabalho, suje (muito) mais, exija mais (algum) tempo até que as coisas aconteçam como desejamos (sem incidentes). E analogamente admito que é incomparavelmente mais eficaz no que respeita à segurança, à confiança e à autonomia com que crescem.

Ao mesmo tempo pergunto(-me): O que queres tu para os teus filhos (e para ti)? Depois de responderes a esta questão poderás decidir como pretendes agir. Ainda mais, perante a “falha” natural deles, quando (se) sujam, deixam cair as coisas, ou demoram mais tempo devemos nós reagir com a mesma naturalidade com que sabemos que faz parte da aprendizagem. Um enquadramento de ansiedade achas que ajuda? Nem a ti, nem a eles.

Quando estás a aprender, a possibilidade de errares é tão forte quanto a de acertares.

É sempre pacífico e tranquilo? Não. Mas… O que desejas tu para os teus filhos? Onde queres passar mais tempo?

Uma criança saudável e feliz faz barulho, desarruma, suja, grita e é espontânea <3

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Para terminar, dizer-te que no próximo artigo falarei da hora de ir para a mesa. Primeiramente, em minha casa esse momento está associado a partilha e a prazer. Como resultado, geralmente é-lhes é dado tempo de qualidade numa atenção pró-ativa. Tudo isto conduziu as minhas crianças a desenvolverem um sentimento de pertença e por consequência um comportamento de maior colaboração. Este mood familiar é o ponto de partida em minha casa. E desta forma, todos os elementos estão predispostos para se alimentarem e para partilharem uns com os outros esse momento. Tocarei ainda, dentro do tema da pertença, na higiene, na hora de ir dormir, no momento de arrumar a cozinha, respeitando a vontade natural dos miúdos e a minha.

Encontra mais vezes a felicidade em ti e na tua família! ♥

#beyounique

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