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A ira e a relação com os nossos filhos

A Ira – Aprende a Descomplicar

Muitas vezes os pais gritam quando os filhos interrompem o decurso dos seus pensamentos; Ficam particularmente furiosos quando os planos que têm são ligeiramente alterados ou; É para eles extremamente irritante que a criança expresse as suas emoções quando está excitada ou quando o próprio está sobrecarregado; De repente parece-lhes que os pedidos da criança são excessivos; Gritam com os filhos quando os ajudam a completar uma tarefa ou a aprender alguma coisa… Se sentes algum destes, bem vindo ao mundo da IRA!

São várias as emoções que se encontram na raiz da IRA

Emoções de raiz na ira

Embora na maioria das vezes não nos apercebamos, quando nos zangamos, ou sentimos algum dos anteriores, na verdade, estamos a SOFRER. Quando uma pessoa está irada, seja criança ou adulto, está como “uma casa em chamas”! Isto, porque sente que há uma transgressão (em relação a algo que valoriza muito) e isso causa-lhe sofrimento. Sente que o outro transgrediu um valor que preza muito, como por exemplo, a liberdade, o compromisso, a verdade, ou outro…

Quando pedes ao teu filho que faça determinada coisa 1.501 vezes (é exagerado, eu sei…) e ele não faz, ele está a transgredir possivelmente o teu valor de obediência, ou de organização, ou de rigor, ou de disciplina, ou outro, ou mais do que um. E tu interpretas de determinada forma essa transgressão, desencadeias uma série de pensamentos e ages de determinada forma. REPARA que não foi o que o miúdo fez ou disse que desencadeou a tua ira, mas o que pensaste em relação ao que fez, ou o que disse – “Se ele é assim com 8 anos, como será quando tiver 14…”; “Não faz o que eu lhe digo, não me respeita…”, etc. Por isso, é que a mãe e o pai, muitas vezes, perante a mesma situação não reagem da mesma maneira. Isto porque, não o interpretam da mesma forma.

 

Dizes ao teu filho que ele está a transgredir? E em que medida ou em quê transgride?

Dizes ao teu filho que ele está a transgredir? E se dizes, como é que lhe dizes? Com que postura, humor, e tom de voz?

Um dos “problemas” dos pais muitas vezes é a “falta de obediência”. A palavra obediência deriva das palavras “ob” mais “audire” (em latim) e significam ouvir aquele que fala diante de nós. Na sua raiz etimológica, significa ouvir com o coração e escutar em profundidade, isto é, escutar com amor. Conclui-se por isso que só seremos obedientes quando nos predispusermos a ouvir com atenção aquele que fala com amor. É assim que falas quando pedes algo aos teus filhos?

Se a resposta é Não, está tudo bem. A maioria de nós nem sempre faz isso. Necessitamos de consciência e de treino. Mas, pensa por segundos, porque comigo funcionou e ainda funciona: Que tipo de pai ou de mãe eu quero ser para os meus filhos? E acima de tudo: Onde é que eu quero passar mais tempo? No lado da ira, ou no lado do amor? Porque onde há consciência do amor, não resta lugar para a ira.

O primeiro passo é RECONHECER, depois é RECORDAR e por fim ter PACIÊNCIA e CONSCIÊNCIA (sobretudo, para contigo).

Passos para passarmos da aprendizagem ao crescimento

da aprendizagem ao crescimento

Quando somos autoritários com os nossos filhos, eles “automaticamente” terão uma das seguintes reações: ou têm uma atitude submissa, ou uma atitude rebelde, “largam” a sua criança “natural”, espontânea. Agirão com base na rebeldia, ou na submissão.

“Sobra” falar-lhes com AMOR. Escutá-los verdadeiramente. Que eles percebam que independentemente do que façam, os amas. E depois, há que restabelecer limites, se necessário e reparar o que há a reparar.

Eu ando para cima e para baixo entre o 3º e o 5º nível. Os gémeos têm três anos, falam os dois ao mesmo tempo, interrompem as nossas conversas, andam à bulha pelo mesmo brinquedo, pelas mesmas meias, pela mesma bicicleta… pegam-se entre si, e de vez em quando lá vem um chichi fora da sanita ou do pote, ou coisa “mais grave”… por vezes, lá entornam um pouco de sopa (ou toda) por cima da mesa e da roupa… a minha filhota conta-me pormenorizadamente como decorou a sua casa do jogo do tablet e por que foi daquela forma e não de outra,”espalha” slime pela casa, deixa os chinelos em qualquer sítio, reclama porque acha que tem muitos trabalhos de casa… gritam, correm e saltam antes de ir dormir e depois demoram a adormecer, levantam-se da mesa por qualquer questão… to-dos os dias! E podia continuar… 😀

Estão a aprender… e eu também! Inspira, expira…

O Ciclo da Ira

Este estado obedece a um ciclo, ou seja, até determinada fase conseguimos conduzir a nossa conduta, mas passado certo e determinado ponto “os ânimos” serão sempre a subir. Um importante “segredo” emerge em descobrir quando surge a fase do disparo, que não nos permite voltar atrás.  A fase em que culpamos o outro por aquilo que estamos a sentir e só o queremos impactar. O nosso corpo é inundado quimicamente e o nosso organismo faz com que tenhamos a necessidade de impactar o outro.

O Ciclo da Ira

Quando descobrires o que te faz disparar poderás fazer uma PAUSA antes de entrares na fase de disparo. Parar, respirar fundo, contar até 10, ou ir até outra divisão da casa reduz a intensidade do teu sentimento e consegues manter-te na tua fase racional.

Devemos ser conscientes de que a ira não é MÁ. É só bastante incómoda e desagradável e lembra-te que te diz que sentes que houve uma transgressão e que isso te causou sofrimento. Deixo-te materiais abaixo para trabalhares individualmente e com o(s) teu(s) pequeno(s). Os materiais do blog “Ansiedade, uma outra Perspetiva” também podem ajudar neste tema 😉

O que mudaria se ao olhares para uma pessoa profundamente zangada, em vez de veres a sua ira visses o seu sofrimento?

E se ao olhares para o teu FILHO profundamente zangado, em vez de veres a sua ira visses o seu SOFRIMENTO? E ao olhares para TI?

Uma das chaves está aqui: onde há AMOR não há espaço para o sofrimento. Onde é que EU quero passar mais tempo?

Encontra mais vezes a felicidade em ti e na tua família! ♥

#beyounique

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Descarrega aqui os materiais que preparei para trabalhares em ti e com os teus pequenos:

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